As marés poderão ter contribuído para que a Terra permanecesse num estado de "Bola de Neve" durante quase 100 milhões de anos

Um artigo hoje publicado na revista científica Nature Communications, com a participação do investigador do IDL João C. Duarte e da estudante de doutoramento Hannah Davies, ambos do RG4, apresenta um estudo de modelação das marés oceânicas globais durante um período da História da Terra (há cerca de 700 milhões de anos) em que esta estava quase totalmente coberta por gelo, a chamada "Terra Bola de Neve".O estudo mostra que as marés tiveram um efeito de feedback positivo, o que propiciou a que a Terra se mantivesse nesse estado "congelado" por mais tempo do que o expectável, com implicações importantes na extinção de espécies e na evolução da vida. Isto porque o estado de Bola de Neve é altamente estável: o gelo à superfície reflecte a luz do Sol e o planeta acaba por se tornar progressivamente mais frio. Por pouco, a Terra não permaneceu congelada indefinidamente, o que poderia ter levado à extinção da Vida. No entanto, a tectónica de placas e os vulcões activos do planeta terão contribuído para que a Terra conseguisse sair deste estado há cerca de 600 milhões de anos.O trabalho foi liderado por Mattias Green, da Universidade de Bangor no Reino Unido, e contou também com a colaboração dos investigadores Jessica Creveling da Oregon State University​ e Christopher Scotese​ da Northwestern University, ambos dos Estados Unidos da América.Green, J.A.M., Davies, H.S., Duarte, J.C. et al. Weak tides during Cryogenian glaciations. Nat Commun 11, 6227 (2020). https://doi.org/10.1038/s41467-020-20008-3

Climate, Geophysics, Oceanography