Solis, plataforma solar de Lisboa

A energia produzida a partir de radiação solar é considerada a energia “limpa” com mais potencial em Lisboa. A nossa capital tem condições muito favoráveis à produção de energia solar, principalmente de eletricidade solar. A evolução da tecnologia no sentido de uma maior eficiência dos componentes de um sistema fotovoltaico, bem como a diminuição dos custos de fabrico e de venda ao consumidor, fazem com que a energia solar seja altamente desejável, tanto do ponto de vista de investimento vantajoso para os proprietários como do cumprimento das metas de sustentabilidade da cidade. A energia solar é, neste momento, o alicerce fundamental para uma sociedade e economia verdes e sustentáveis.Em julho de 2021, foi submetido a consulta pública o Plano de Ação Climática 2030 (PAC) para a cidade de Lisboa, do qual a estratégia solar de Lisboa - Lisboa Cidade Solar® - é parte integrante. Esta estratégia pretende envolver instituições, órgãos governativos, arquitetos, urbanistas, empresas e cidadãos na transição energética, em direção à descarbonização da cidade por via da energia solar. A meta concreta na implementação de energia solar na capital é alcançar os 103 MW de potência fotovoltaica instalada até 2030 (neste momento, ronda apenas os 8 MW).É assim que nasce a Solis, a plataforma solar de Lisboa, no âmago da estratégia solar e no seio da Lisboa E-Nova – Agência de Energia e Ambiente de Lisboa. A iniciativa teve origem em 2018 através de financiamento pelo Fundo Ambiental, e em 2021, com financiamento do projeto “Sharing Cities”, a plataforma foi relançada e reforçada no que diz respeito a novas funcionalidades, novos conteúdos para esclarecimento de dúvidas e divulgação de notícias e iniciativas relativas à energia solar em Lisboa. A Solis propõe-se centralizar toda a informação relevante acerca de energia solar fotovoltaica e veiculá-la ao cidadão comum, com o intuito de promover a adoção de sistemas solares fotovoltaicos em Lisboa no contexto da transição energética e no caminho para a neutralidade carbónica da cidade. Através de ferramentas várias – mapas solares interativos, uma app onde o cidadão pode entrar na “caça” aos painéis fotovoltaicos, artigos que desmistificam conceções erradas, partilha de conteúdos educativos e de notícias – a Solis pretende fomentar um espírito de “cidadania solar” e dinamizar uma comunidade online de utilizadores e entusiastas de energia fotovoltaica.Iniciativa com a comunidade Solis no Instagram #agostosolarlisboaSara Freitas, coordenadora da equipa responsável pela Solis e colaboradora externa do IDL (e ex-aluna de doutoramento de Sistemas de Energia Sustentáveis da FCUL), esclarece: «Queremos providenciar informação de qualidade, com factos reais, de confiança e “com sumo”, ao mesmo tempo que desmistificamos as ideias erradas em relação ao fotovoltaico». Os preços associados à energia solar fotovoltaica têm vindo a baixar consistentemente desde a última década, devido, maior eficiência nas técnicas de produção dos componentes dos sistemas fotovoltaicos e aumento da procura por este tipo de soluções. «Um sistema fotovoltaico com 1 kW de potência pico – o que corresponde sensivelmente a 4-5 painéis solares necessários para uma família de 3-4 pessoas (em média) – poderá equivaler a um investimento de cerca de 1000€».A engenheira de Energia e do Ambiente imagina a capital no futuro como uma verdadeira cidade solar. «Lisboa tem, em média, quase 3000 horas de sol por ano: não faz sentido que a energia solar seja menos explorada cá do que em países do norte da europa, tipicamente mais nublados, como de facto acontece. Queremos mostrar aos lisboetas que é simples, económico e vantajoso produzir e usar eletricidade solar para consumo próprio». É missão da iniciativa Solis sensibilizar e mobilizar não só os entusiastas da tecnologia, mas também os indiferentes e todo o espectro pelo meio: aqueles que não conhecem o fotovoltaico; os que estão motivados a adotar; os que estão motivados para investir, mas não sabem como; e os que já instalaram (e que poderão dar o seu testemunho e contribuir para a aceleração do processo de adoção dos restantes).Para além da partilha de conhecimento cobrindo todos os tópicos relacionados com produção e utilização de energia solar fotovoltaica, a Solis (através da Lisboa E-Nova) disponibiliza-se para apoiar o processo de tomada de decisão, prestando aconselhamento a pessoas singulares ou coletivas que pretendam instalar sistemas fotovoltaicos na sua propriedade e entender os regimes legais em vigor para um eventual aproveitamento coletivo. Este apoio, isento de custos, pode incluir uma análise detalhada do caso do ponto de vista da localização, da área disponível, das necessidades, de uma integração arquitetónica harmoniosa, e do orçamento disponível, ajudando a identificar possíveis soluções, os fornecedores e instaladores existentes, e analisando comparativamente as propostas de implementação.Sara Freitas enfatiza ainda o desejo da Solis de alavancar a transição do paradigma autoconsumo individual para autoconsumo coletivo. Em 2014, criou-se o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade para autoconsumo, isto é, a produção de eletricidade renovável para consumo próprio. Numa perspetiva de democratização e prevalência desta energia renovável, surge depois o autoconsumo coletivo, em que grupos de duas ou mais pessoas (vizinhos, condóminos de um edifício, conjunto de apartamentos/moradias) se podem juntar de modo a usufruir de um mesmo sistema de geração e armazenamento de energia, que se rege por regras de distribuição próprias e que devem estar explícitas num Regulamento do autoconsumo. Em 2019, a lei passou a prever, também, o estabelecimento de comunidades de energia renovável (CER), que consistem em associações formadas em torno de um projeto de energia renovável com poder para conferir benefícios económicos, ambientais e sociais aos seus .«Passar da ideia do “só meu, no meu telhado” para uma partilha ponderada do que o sistema produz é o passo em frente para começarem a surgir os primeiros condomínios, bairros e comunidades solares», refere Sara. As vantagens são óbvias: custos mais baixos de instalação e manutenção (que convém ser feita pelo menos uma vez por ano), bem como percentagens estabelecidas a usufruir por cada morador/contribuinte consoante os hábitos de consumo, os horários de uso versus horários de produção, etc. Neste processo, é obrigatória a definição de uma regulamentação própria, prevista na respetiva legislação, e na qual a Solis e a Lisboa E-Nova poderão desempenhar um papel aconselhador fundamental.A Solis pretende, também, estabelecer pontes entre as empresas fornecedoras de soluções fotovoltaicas / serviços de energia e o cidadão, ou conjunto de cidadãos, interessado em adotar energia solar nos seus edifícios, bem como as entidades que queiram enveredar por ações que as tornem e aos seus produtos mais sustentáveis. No âmbito da Lisboa Capital Verde 2020, mais de 200 grandes empresas assinaram o Compromisso Lisboa Capital Verde Europeia 2020 – Ação Climática Lisboa 2030 com o intuito de tomar medidas de sustentabilidade concretas, das quais cerca de 70 englobaram medidas relacionadas com instalação de sistemas fotovoltaicos. O papel das empresas instaladoras, tanto na construção de uma base de dados da distribuição e funcionamento de sistemas fotovoltaicos como enquanto facilitadoras e promotoras do sistema em si, não é de descurar, uma vez que constitui um grande potencial de cocriação de novos modelos de negócio, apoios e incentivos à implementação do fotovoltaico.No blogue da Solis encontram-se artigos de opinião de investigadores do grupo de Transição Energética do IDL, com os quais a Solis tem mantido diálogo aberto e contínuo.

A equipa espera continuar a angariar testemunhos variados de pessoas e de especialidades distintas (artistas, comunicadores, arquitetos) para mostrar a transversalidade da energia solar. No website e app Solis o utilizador pode aceder a mapas de Exposição solar, Eletricidade solar e Sistemas Fotovoltaicos de toda a cidade de Lisboa – é possível ir à procura da nossa casa ou do nosso prédio e verificar o potencial fotovoltaico do nosso telhado!Para o futuro, a Solis tem em vista uma continuada e intensificada articulação com Município sob a forma de iniciativas de sensibilização e capacitação (percursos de reconhecimento de sistemas fotovoltaicos na cidade, visitas a instalações, workshops comunitários) e sessões de literacia energética (solar) sobre autoconsumo, em simultâneo com a dedicação permanente de incentivo e mobilização de lisboetas para a causa “Lisboa Cidade Solar”.

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